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A padaria Pão da Terra surgiu em 2017 com o entusiasmo da Ana, acabada de chegar à sua terra natal, o Porto! 

Como tudo começou...

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...no Equador

'Depois de terminar a licenciatura em arquitetura, aventurei-me pelo mundo.

Vivi e trabalhei 6 meses em Barcelona (e conheci a Cris, a nossa designer:), depois passei outros 6 meses em Menorca, na época de Verão a trabalhar duro e a fazer muita praia paradisíaca nas pausas.


Após esse verão concorri a uma bolsa de voluntariado no Equador, lugar onde o pão entrou na minha vida.

De regresso a Portugal

Ao regressar a Portugal, fui trabalhar com o Nuno e com a Catarina, onde construí casas de fardos de palha, e com o outro Nuno, onde ajudei a fazer pequenas construções de barro e onde conheci o Pedro. Juntos fomos viver para a aldeia dos seus avós, na Guarda, em pleno vale do Mondego. Aí começou a aventura de plantar centeio no cimo da serra, colher e ir moer ao último moinho movido a água da Serra da Estrela, com a Senhora Maria.

Tínhamos centeio, compramos um bocado de trigo e fomos falar com as senhoras da nossa aldeia (de 20 habitantes) se ainda se lembravam de fazer pão, com a ideia de recuperar o forno comunitário. Histórias contadas, ouvidas e guardadas na minha memória. Lá fizemos o dia do forno e do pão, reativamos com grande orgulho o forno!

Da Guarda para Trás-os-Montes

Novas aventuras surgiram, que me levaram a Trás-os-Montes, mais precisamente a Uva, onde voltei a encontrar o Nuno das casas de palha, e que tem uma linda associação que recupera antigos pombais, muros de pedra dos tempos em que havia homens com braços de ferro, e alguns edifícios comunitários. Entre eles também reconstruímos um forno em Tuizelo, em pleno Parque Natural de Montesinho. Aí conheci o trigo barbela, estávamos ainda em 2014, onde nada disto estava ainda na moda e usurpado pelos citadinos lisboetas que se apoderam das tradições com muito pouco respeito. Em Tuizelo produz-se o trigo barbela e fazem o tradicional cuscuz, um cuscuzeiro feito à mão pelas bruxas e feiticeiras que guardam os saberes das nossas ancestrais.

No Equador, a minha missão era passar por 4 projetos agroecológicos de preservação de sementes, e neles ajudar e aprender em todas as tarefas inerentes à vida camponesa. Desde semear, mondar, colher legumes, colher café e cacau, entrar selva adentro para colher frutas exóticas (eram 500 frutas diferentes!) e comer para tirar as sementes, cuidar das crianças, ajudar na construção de casas na árvore, reconstruir estufas, fazer paredes de barro (COB), cozinhas de barro, cestaria, fazer granola, iogurte, manteiga, apanhar amendoins, secar, e fazer manteiga de amendoim, desenvolver projeto de reciclagem em escolas da aldeia, e claro, fazer pão de fermento natural! foi 1 ano de muitas aventuras e muita aprendizagem para a vida!'

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Porto

Eis que a vida deu uma reviravolta e deu-me uma imensa saudade do mar (maneira romântica de descrever coisas menos boas ;) e eis que regresso ao Porto com o pequeno M. Já sem grandes raízes na cidade e em situação precária, vi-me numa situação de me questionar: O que vou fazer aqui na cidade? Aluguei um quarto, arranjei um part-time a apanhar cogumelos numa estufa que já me dava para os gastos, e ainda fazia uns pãezinhos para vender aos amigos. E nisto houve um amigo que me encontrou na rua, com o cesto da bicicleta carregado de pães, e perguntou: Porque é que não abres uma padaria? No mercado de Matosinhos tem lojas livres! E eis que semeou a semente deste projeto que ia brotar em breve.

Um bebé e um sonho

Lá fui ver como poderia fazer acontecer, eu com um bebé de 6 meses, um emprego precário, mas não custa sonhar. Fui ao centro de emprego, e falaram-me do empréstimo para uma microempresa com juros muito baixos e sem grande prejuízo caso desse para o torto. E lá fui eu na aventura, sem nada entender de pão nem de negócios, mas com uma grande dose de loucura e determinação. Em 3 meses tinha uma padaria aberta, fiz muitos erros como é óbvio, mas no fim de contas funcionou!

 

Comecei sozinha, a fazer uns pães manhosos, ainda com levedura de padeira, em agosto de 2016, fazia uns 15 a 20 pães por dia. E nisto lá passou o Miguel e trouxe-me a sua sabedoria do que se faz lá fora. Porque não fazes pão de massa mãe? Uiii e o que é isso? Lá vou eu, enquanto faço umas fornadas e tendo pão, agora com a Kadek que foi um anjo que caiu do céu, ambas víamos vídeos no YouTube: how to make sourdough bread? E fizemos a nossa massa mãe, a que usamos ainda hoje, fizemos uns testes, e hora que passado uns 2 meses começaram a sair pães de massa mãe :)

 

Entretanto conheci o João Paulo, de Aveiro, que foi conhecer a padaria e se apresentou. Ele trabalha em Londres e quando viu a minha parvoíce veio logo conhecer. Convidou-me a ir a Londres, conhecer a padaria onde trabalha, a E5, onde a massa mãe e as farinhas de moinho já fazem parte da casa desde sempre. Lá pus as mãos na massa durante 3 dias e voltei com uma noção do que é uma padaria a sério! Ora troca trocar de forno, comprar baldes, carros, cestos, foi uma cópia do processo que faziam lá :) A farinha também era importante, então fui visitar a fábrica de onde vinham as nossas farinhas, em Girona. Muito interessante, lá fui eu sozinha, aluguei um carro, e para chegar lá passei por muitos quilômetros de estrada entre searas de cereais, grande parte da farinha deles é produzida com grãos provenientes da região. São uma empresa pequena e de grandes valores, que inclusive na altura da subida do preço dos cereais devido à guerra na Ucrânia, enviaram-nos um comunicado a explicar a origem dos cereais e de como esta inflação em grande parte era uma jogada (como em quase todas as inflações que vivemos hoje em dia).

Os primeiros 30m2 

Fomos crescendo, nesta padaria de 30 m2, onde tínhamos a produção de pão, o cozimento, a venda, ainda tínhamos espaço para uma mesa comunitária onde servíamos café de especialidade, pão com manteiga, e às vezes umas pizzas feitas por nós! Essa mesa teve de desaparecer e a área de produção aumentou, estávamos a crescer de vento em popa!

 

 

As pioneiras

Não fomos os primeiros a fazer pão no Porto, vamos aqui fazer uma cronologia e uma ode a quem abriu os caminhos antes de nós. A pioneira disto no Porto foi a Benedita, agora com a Masseira no Porto. A Benedita foi a primeira, fazia pão em casa e vendia nos mercado de sábado no Porto. Logo depois surgiu a Ana, do Pão da Mó, a Ana é de Gaia e comprou a maquinaria de uma pequena produção de pão e começou a fazer pão para vender porta a porta e onde fazia distribuição em algumas lojas, a Ana foi uma pioneira no uso de farinha de moinho exclusivo! Grande admiração tenho pela Ana! Depois surgiu a Garfa, que abriu uma pequena padaria em Custóias com venda ao público e distribuição. E por fim vim eu :) esta parola que não entendia nada de pão e abre uma padaria nem sabe como no mercado de Matosinhos.

 

Uma coisa é certa, sinto-me honrada pelos meus princípios, que foram com certeza os que fizeram prosperar o meu negócio: uso de matérias-primas biológicas, pois era o que eu consumia em casa, matéria-prima de melhor qualidade onde nunca olhei aos preços. Uma abertura enorme para me adaptar a clientes e trabalhadores, para tentar agradar a todos, uma enorme flexibilidade com pedidos fora de horas, entregas em lugares incomuns, muita simpatia e bondade fazem parte da minha pessoa. Mau feitio também tenho mas quando me rio não se nota :)

Novos amigos

Nesta altura muitos de vós me viram a rir e a chorar, morta com o M. às costas numa mochila, mãe solteira, dona de casa, padeira, ufs, foram tempos difíceis e exigentes. Mas nestas alturas mais difíceis caem-nos os anjos do céu, e nisto de aparecer nas revistas reencontrei um amigo dos meus pais, o Paulo, que me adotou e me deu grande ajuda para que o negócio e a minha sanidade mental superassem os desafios da vida. Nisto também fiz amizade com muitos clientes, alguns ficaram para sempre a fazer parte de mim, como uma verdadeira família, o caso da Joana e do Francisco, e me deram colo e teto quando mais precisei, e a Dulce e o André que me dão sempre conselhos sábios que me fazem voltar a ter esperança na humanidade.

 

Uma aventura chamada trigo barbela

Ainda me aventurei a semear trigo barbela, lá fui eu ter com o Henrique ao Oeste, entrar na sua quinta onde produz pão de trigo barbela e queijo chèvre produzido por ele com leite das suas cabras, uau! Passei a fazer parte de um grupo exclusivo que se chama tribo do barbela, a única mulher ou menina ali no meio de homens grandes, com tratores e terras sem perder o fio, com grandes convicções de preservar um trigo antigo e não lhe dar o uso dessa malta da cidade, o marketing, onde dizem que fazem pão de trigo barbela e na realidade usam 10%

Ana

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o trigo barbela

É uma variedade tradicional de trigo, conhecida pela sua resistência e adaptabilidade a diferentes condições de cultivo. Originário da região do noroeste de Portugal, o trigo barbela tem sido cultivado ao longo de gerações por agricultores locais, tornando-se uma parte importante da cultura e da história agrícola da região.
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